segunda-feira, 19 de março de 2018

IBC-BR de janeiro

A divulgação de hoje do IBC-BR de janeiro de 2018  aponta um crescimento de 2,97% na comparação com igual mẽs do ano anterior, o que nos leva a um acumulado em 12 meses da ordem de 1,2%, ante 1,0% no acumulado do ano de 2017. Projeções extrapolando os dados observados até então nos levariam a um fechamento de primeiro trimestre a taxas de crescimento entre 1,2% e 1,4%, sempre para acumulados em quatro trimestres.

segunda-feira, 12 de março de 2018

PIB no quarto trimestre - fechando 2017


Mais de uma semana após a divulgação, pelo IBGE, das Contas Nacionais Trimestrais para o quarto trimestre de 2017, e realizando um acompanhamento sistemático da discussão acerca desses dados, cabe fazermos somente uma ressalva sobre as contribuições dos componentes da demanda para a taxa de crescimento do PIB de 1% ao final do ano. A decomposição tradicional para as contribuições ao crescimento, obtida a partir das taxas de crescimento de cada um dos componentes multiplicadas pelas participações de cada um no PIB, resulta no seguinte para o ano de 2017:


PIB
Consumo das Famílias
Formação Bruta de Capital Fixo
Consumo do Governo
Exportações
Importações
Variação de estoques (resíduo)
Participações (%)
100,0
64,0
16,1
20,2
12,5
12,1

Taxas de crescimento (%)
1,0
1,0
-1,8
-0,6
5,2
5,0

Contribuições (%)

0,6
-0,3
-0,1
0,6
0,6
0,7

Nota-se que a soma das participações, sempre obtidas a valores correntes, ultrapassa 100%, o que implica uma variação negativa de estoques para o ano-base (2016), resultando numa participação negativa carecendo de significado econômico, como de praxe para esse componente. Seguindo para as taxas de crescimento, em volume, de cada componente, e multiplicando-as por suas contribuições, obteríamos contribuições positivas do Consumo das Famílias e das Exportações, as quais, compensadas pelas contribuições (negativas) dadas pelas quedas da Formação Bruta de Capital Fixo e do Consumo do Governo e pelo aumento das Importações, resultariam numa soma de 0,3% para o crescimento do PIB (0,2% na tabela em virtude dos arredondamentos). Esse seria o crescimento do PIB caso não considerássemos o resíduo dado pela Variação de estoques, que contribui com 0,7 p.p. para uma taxa de crescimento do PIB de 1,0%. Ou seja, a maior contribuição positiva ao crescimento do PIB no ano de 2017 adveio da Variação de estoques, informação, no mais das vezes, ausente do debate sobre esses dados. Numa apresentação da Secretaria de Política Econômica, do Ministério da Fazenda (p. 16), podemos encontrar os mesmos valores para as contribuições dos componentes da demanda, por ter sido realizada, naturalmente, a mesma decomposição apresentada acima. Também na Carta de Conjuntura do IPEA (p. 6), onde o mesmo exercício de decomposição é feito, pode ser encontrada a afirmação de que “no acumulado do ano, influenciado pelo ótimo desempenho da lavoura, os estoques adicionaram 0,7 p.p. ao PIB”.

A advertência não se aplica aos resultados isolados dos dois últimos trimestres, quando a Variação de estoques apresentou contribuição negativa, mas para o acumulado do ano, precisamente em virtude de contribuições positivas muito grandes desse componente nos dois primeiros trimestres. Vale ressaltar que alertas anteriores a respeito, em virtude do ocorrido no primeiro semestre do ano, podem ser encontrados na análise do segundo trimestre – com ressalvas para o acumulado em quatro trimestres também na análise da divulgação para o terceiro trimestre. Antes disso, uma visão pessimista, em virtude de tal comportamento para a variação de estoques e baseada na divulgação para o primeiro trimestre do ano, pode ser encontrada neste artigo.